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Síndrome de burnout sob a forma de dor e tensão muscular

Na última década, foram muitos os clientes, de variadas áreas profissionais, que me procuraram por causa de manifestações musculoesqueléticas que rapidamente revelaram ser o rosto de algo maior. Associada à dor e tensão muscular em diferentes zonas corporais, estavam também questões comportamentais, emocionais e/ou sociais que mereceram a minha atenção. A verbalização de fadiga, sensação de falta de energia mesmo após um período de descanso, dificuldade em dormir, falta de motivação e fragilidade do sistema imunitário foram sempre sinais de alerta.

Na base destas manifestações foram frequentemente descritas: a dificuldade em equilibrar o trabalho com a vida pessoal e familiar, muito por solicitações laborais extras; a ausência de intervalos regulares, a permanência na posição de sentado; e a utilização constante de dispositivos eletrónicos.

Estas informações são na sua essência a descrição de fatores de stresse aos quais estas e muitas outras pessoas estão sujeitas ao longo da sua vida. Como resposta a estes fatores, o organismo despende elevados níveis de energia, colocando-se próximo de um ponto sem retorno – exaustão ou burnout. A síndrome de exaustão ou burnout evolui por estádios, apresentando caráter cumulativo.

Existe cura e o processo de combate a esta síndrome realiza-se em equipa multidisciplinar. A fisioterapia é frequentemente incluída na estratégia de intervenção, quando não mesmo o primeiro recurso, devido às queixas dolorosas que se sobrepõem a outros sinais. Nestes casos, a terapia manual e o trabalho postural estão indicados, sendo bem tolerados e aceites. Através destas ferramentas pode influir-se sobre as questões musculoesqueléticas e sobre, por exemplo, manifestações gastrointestinais e respiratórias, muito comuns nestes doentes. A posteriori, a atividade física de baixa a moderada intensidade tem também um papel importante, como estratégia para um estilo de vida saudável.

Prevenir é a palavra de ordem! Não subestime os sinais que o seu corpo lhe dá. Aceite que tem limites e decida, neste Natal, ser a sua primeira escolha. Presenteie-se e cuide de si!

Artigo publicado na edição 46 da Share Magazine.